Um conglomerado de seis bairros com pouco menos de 30 mil habitantes compõe os limites geográficos do Centro Histórico de Valência, ou Ciutat Vella no idioma da comunidade.
No perímetro estão os mais importantes órgãos administrativos, entre os quais a Prefeitura e a sede da Generalitat Valenciana, além da Bolsa de Valores e edifícios de impressionante valor histórico como a Lonja de la Seda ou o Mercado Central.
Nessa superfície de pouco mais de 1,5 km², está também a Catedral da cidade, a Basílica dos Desamparados e as célebres Torres de Serrano e Quart.
No emblemático bairro de Carmen, localizado entre a muralha muçulmana erguida no século 11 e a muralha cristã do século 14, estão não só as torres que sintetizam uma época da cidade como diversos museus e centro culturais que fazem dessa pequena e fervilhante área uma das atrações mais buscadas por quem descobre a Valência de raízes.
Além de tudo, o bairro tem um toque de vanguarda contemporânea graças a seus badalados grafitis, compartilhando o visual com o panorama secular da arquitetura renascentista ou clássica, cristã ou muçulmana.
A Ciutat Vella perdeu habitantes entre os anos de 1970 e 1990, o que levou o governo a estabelecer um processo de restauração de vários edifícios e de promoção das atrações históricas.
A reabilitação arquitetônica deu bons resultados e no início dos anos 2000 os bairros do centro voltaram a receber novos habitantes e ainda mais visitantes para seus monumentos e ruas estreitas.
Ciutat Vella: mercados de Valencia
Um edifício marcante da região é o Mercado Central, de estilo modernista com traços típicos da Comunidad Valenciana, construído em 1914 na Plaza Ciudad de Brujas.
Sua espetacular área de compras tem 1200 postos de venda de produtos mediterrâneos, formando um autêntico templo do comércio local, adornado por estruturas de metal, vidro e colunas que conduzem à sua reluzente cúpula central.
Admirado pelos milhares de turistas e visitado em qualquer época do ano, o Mercado Central (fotos acima) honra a tradição de centros comerciais alimentícios de Valência e compõe, junto com o Mercado de Colón, construído no mesmo período, mas localizado fora da Ciutat Vella, e o Mercado de Ruzafa, mais moderno (de 1957), o triângulo mais fervilhante de consumo de produtos locais – um festim de mariscos, frutas, especiarias e embutidos tradicionais da região.
Os limites norte e nordeste da Ciutat Vella, ainda no bairro El Carmen, são marcados pelos mais concorridos centros de arte e cultura da cidade. Estão ali o Museu Pré-Histórico, o Museu de Arte Moderna e a Casa Museu Benlliure.
O bairro de La Seu, mais central, contém o núcleo de construções religiosas, entre eles a Catedral e a Basílica dos Desamparados, além de uma série de palácios construídos a partir do século 15.
Em La Xerea, mais a sudeste, estão núcleos da Generalitat Valenciana e da Universidade de Valência, enquanto no limite sul de Ciutat Vella está San Francesc, bairro que abriga a Prefeitura e a praça das Fallas.
A poucos metros dali, já fora da circunscrição que caracteriza a Ciutat Vella, está outro edifício que tem a marca da cidade, a estação de trens mais antiga do centro, ou Estación Valencia Nord (foto acima).
Também de estilo valenciano modernista, o edifício tem uma fachada monumental que se transformou em cartão postal e se caracteriza por suas proporções gigantescas. Recebe mais de 14 milhões de passageiros ao ano, embora não passem por ali os trens de alta velocidade (AVE), que necessitam de estrutura física mais moderna e chegam na estação Joaquim Sorolla, construída um pouco mais ao sul do centro histórico.
Inaugurado em 1917, o edifício tem formato retangular e uma divisão espacial que permite a circulação de trens por dez vias.
Chamam especialmente a atenção os mosaicos, vitrais e cerâmicas do vestíbulo principal, cercados por madeira e mármore, além da exuberante cúpula que compreende toda a área central, construída com motivos que reproduzem as vias férreas.
A Estación Nord funciona como ponto de referência a moradores e visitantes, não só por sua localização privilegiada, a 450 metros da Praça da Prefeitura, mas também por representar uma atração por si só, embora não esteja dentro das fronteiras de Ciutat Vella. Permite, além de tudo, acesso a quatro linhas de metrô e inúmeros pontos de circulação de ônibus.
Texto extraído da Revista Way.